-Essa que eu hei de amar perdidamente um dia,
será tão doce, e terna, e vagarosa e bela,
que eu pensarei que é sol que vem pela janela,
trazer luz e calor a esta alma escura e fria.
E quando ela passar, tudo o que eu não
sentia da vida, há de acordar no coração.
E ela irá como o sol, e eu irei atrás dela,
como sombra feliz...
- Tudo isso eu me dizia,
quando alguém me chamou.
Olhei um vulto iluminado, e terno e vagaroso, e belo,
na luz do ouro do poente; me dizia adeus, como um sol triste.
E falou-me de longe: " Eu passei a teu lado,
mas ias tão perdido em teu
sonho dourado,
que nem sequer me viste!"
( G.de Almeida )
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